CONSTITUIÇÃO CONCILIAR
SACROSANCTUM CONCILIUM
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
PROÉMIO
Fim do Concílio e sua relação com a reforma
litúrgica
1. O sagrado Concílio propõe-se fomentar a vida cristã
entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as
instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à
união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir
para chamar a todos ao seio da Igreja. Julga, por isso, dever também
interessar-se de modo particular pela reforma e incremento da Liturgia.
2. A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício
eucarístico, «se opera o fruto da nossa Redenção» (1), contribui em sumo
grau para que os fiéis exprimam na vida e manifestem aos outros o
mistério de Cristo e a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é
simultâneamente humana e divina, visível e dotada de elementos
invisíveis, empenhada na acção e dada à contemplação, presente no mundo
e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve
ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a acção à
contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos (2). A Liturgia,
ao mesmo tempo que edifica os que estão na Igreja em templo santo no
Senhor, em morada de Deus no Espírito (3), até à medida da idade da
plenitude de Cristo (4), robustece de modo admirável as suas energias
para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que estão fora, como sinal
erguido entre as nações (5), para reunir à sua sombra os filhos de Deus
dispersos (6), até que haja um só rebanho e um só pastor (7).
Aplicação aos diversos ritos
3. Entende, portanto, o sagrado Concílio dever recordar
os princípios e determinar as normas práticas que se seguem, acerca do
incremento e da reforma da Liturgia.
Entre estes princípios e normas, alguns podem e devem
aplicar-se não só ao rito romano mas a todos os outros ritos, muito
embora as normas práticas que se seguem devam entender-se referidas só
ao rito romano, a não ser que se trate de coisas que, por sua própria
natureza, digam respeito também aos outros ritos.
4. O sagrado Concílio, guarda fiel da tradição, declara
que a santa mãe Igreja considera iguais em direito e honra todos os
ritos legitimamente reconhecidos, quer que se mantenham e sejam por
todos os meios promovidos, e deseja que, onde for necessário, sejam
prudente e integralmente revistos no espírito da sã tradição e lhes seja
dado novo vigor, de acordo com as circunstâncias e as necessidades do
nosso tempo.
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS GERAIS EM ORDEM
À REFORMA E INCREMENTO DA LITURGIA
I -NATUREZA DA SAGRADA LITURGIA E
SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA DA IGREJA
Jesus Cristo salvador do mundo
5. Deus, que «quer que todos os homens se salvem e
cheguem ao conhecimento da verdade» (I Tim. 2,4), «tendo falado outrora
muitas vezes e de muitos modos aos nossos pais pelos profetas» (Hebr.
1,1), quando chegou a plenitude dos tempos, enviou o Seu Filho, Verbo
feito carne, ungido pelo Espírito Santo, a evangelizar os pobres, curar
os contritos de coração (8), como ,médico da carne e do espírito(9),
mediador entre Deus e os homens (10). A sua humanidade foi, na unidade
da pessoa do Verbo, o instrumento da nossa salvação. Por isso, em Cristo
«se realizou plenamente a nossa reconciliação e se nos deu a plenitude
do culto divino» (11).
Esta obra da redenção dos homens e da glorificação
perfeita de Deus, prefigurada pelas suas grandes obras no povo da Antiga
Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal
da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dos mortos e gloriosa
Ascensão, em que «morrendo destruiu
a nossa morte e ressurgindo restaurou a nossa vida» (12). Foi do lado de
Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a
Igreja (13).
pelo sacrifício e pelos sacramentos
6. Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também
Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para que,
pregando o Evangelho a toda a criatura (14), anunciassem que o Filho de
Deus, pela sua morte e ressurreição, nos libertara do poder de Satanás
(15) e da morte e nos introduzira no Reino do Pai, mas também para que
realizassem a obra de salvação que anunciavam, mediante o sacrifício e
os sacramentos, à volta dos quais gira toda a vida litúrgica. Pelo
Baptismo são os homens enxertados no mistério pascal de Cristo: mortos
com Ele, sepultados com Ele, com Ele ressuscitados (16); recebem o
espírito de adopção filial que «nos faz clamar: Abba, Pai» (Rom. 8,15),
transformando-se assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura
(17). E sempre que comem a Ceia do Senhor, anunciam igualmente a sua
morte até Ele vir (18). Por isso foram baptizados no próprio dia de
Pentecostes, em que a Igreja se manifestou ao mundo, os que receberam a
palavra de Pedro. E «mantinham-se fiéis à doutrina dos Apóstolos, à
participação na fracção do pão e nas orações... louvando a Deus e sendo
bem vistos pelo povo» (Act. 2, 41-47). Desde então, nunca mais a Igreja
deixou de se reunir em assembleia para celebrar o mistério pascal: lendo «o que se referia a Ele em todas as
Escrituras» (Lc. 24,27), celebrando a Eucaristia, na qual «se torna
presente o triunfo e a vitória da sua morte» (19), e dando graças «a
Deus pelo Seu dom inefável (2 Cor. 9,15) em Cristo Jesus, «para louvor
da sua glória» (Ef. 1,12), pela virtude do Espírito Santo.
presença de Cristo na Liturgia
7. Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre
presente na sua igreja, especialmente nas acções litúrgicas. Está
presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro -
«O que se oferece agora pelo
ministério sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz» (20) -quer e
sobretudo sob as espécies eucarísticas. Está presente com o seu
dinamismo nos Sacramentos, de modo que, quando alguém baptiza, é o
próprio Cristo que baptiza (21). Está presente na sua palavra, pois é
Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente,
enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: «Onde estiverem
dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt. 18,20).
Em tão grande obra, que permite que Deus seja
perfeitamente glorificado e que os homens se santifiquem, Cristo associa
sempre a si a Igreja, sua esposa muito amada, a qual invoca o seu Senhor
e por meio dele rende culto ao Eterno Pai.
Com razão se considera a Liturgia como o exercício da
função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e,
cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo
Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto
público integral.
Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra
de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, acção sagrada par
excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é
igualada por nenhuma outra acção da Igreja.
A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia
celeste
8. Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já,
na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual,
como peregrinos nos dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de
Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo (22); por meio
dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército
celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos cuja memória
veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele
aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória (23).
Lugar da Liturgia na vida da Igreja
9. A sagrada Liturgia não esgota toda a acção da Igreja,
porque os homens, antes de poderem participar na Liturgia, precisam de
ouvir o apelo à fé e à conversão: «Como hão-de invocar aquele em quem
não creram? Ou como hão-de crer sem o terem ouvido? Como poderão ouvir
se não houver quem pregue? E como se há-de pregar se não houver quem
seja enviado?» (Rom. 10, 14-15).
É por este motivo que a Igreja anuncia a mensagem de
salvação aos que ainda não têm fé, para que todos os homens venham a
conhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado, Jesus Cristo, e se
convertam dos seus caminhos pela penitência (24). Aos que crêem, tem o
dever de pregar constantemente a fé e a penitência, de dispó-los aos
Sacramentos, de ensiná-los a guardar tudo o que Cristo mandou (25), de
estimulá-los a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e
apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo,
embora não sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens.
10. Contudo, a Liturgia é simultâneamente a meta para a
qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua
força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos
os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Baptismo se reunam em
assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no
Sacrifício e comam a Ceia do Senhor.
A Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos «mistérios pascais», a viverem «unidos no amor»
(26); pede «que sejam fiéis na vida a quanto receberam pela fé» (27); e
pela renovação da aliança do Senhor com os homens na Eucaristia, e
aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, em
especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e
por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em
Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas
as outras obras da Igreja.
A participação dos fiéis
11. Para assegurar esta eficácia plena, é necessário,
porém, que os fiéis celebrem a Liturgia com rectidão de espírito, unam a
sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não
aconteça de a receberem em vão (28). Por conseguinte, devem os pastores
de almas vigiar por que não só se observem, na acção litúrgica, as leis
que regulam a celebração válida e lícita, mas também que os fiéis
participem nela consciente, activa e frutuosamente.
Vida espiritual extra-litúrgica
12. A participação na sagrada Liturgia não esgota,
todavia, a vida espiritual. O cristão, chamado a rezar em comum, deve
entrar também no seu quarto para rezar a sós (29) ao Pai, segundo ensina
o Apóstolo, deve rezar sem cessar (30). E o mesmo Apóstolo nos ensina a
trazer sempre no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus, para que
a sua vida se revele na nossa carne mortal (31). É essa a razão por que
no Sacrifício da Missa pedimos ao Senhor que, tendo aceite a oblação da
vítima espiritual, faça de nós uma «oferta eterna»
(32) a si consagrada.
13. São muito de recomendar os exercícios piedosos do
povo cristão, desde que estejam em conformidade com as leis e as normas
da Igreja, e especialmente quando se fazem por mandato da Sé Apostólica.
Gozam também de especial dignidade as práticas
religiosas das Igrejas particulares, celebradas por mandato dos Bispos e
segundo os costumes ou os livros legitimamente aprovados.
Importa, porém, ordenar essas práticas tendo em conta os
tempos litúrgicos, de modo que se harmonizem com a sagrada Liturgia, de
certo modo derivem dela, e a ela, que por sua natureza é muito superior,
conduzam o povo.
II- EDUCAÇÃO LITÚRGICA E
PARTICIPAÇÃO ACTIVA
Normas gerais
14. É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis
cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações
litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força
do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, «raça escolhida,
sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr. 2, 4-5).
Na reforma e incremento da sagrada Liturgia, deve dar-se
a maior atenção a esta plena e activa participação de todo o povo porque
ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão-de beber o
espírito genuìnamente cristão. Esta é a razão que deve levar os pastores
de almas a procurarem-na com o máximo empenho, através da devida
educação.
Mas, porque não há qualquer esperança de que tal
aconteça, se antes os pastores de almas se não imbuírem plenamente. do
espírito e da virtude da Liturgia e não se fizerem mestres nela, é
absolutamente necessário que se providencie em primeiro lugar à formação
litúrgica do clero. Por tal razões este sagrado Concílio determinou
quanto segue:
Formação dos professores de Liturgia
15. Os professores que se destinam a ensinar a sagrada
Liturgia nos seminários, nas casas de estudos dos religiosos e nas
faculdades de teologia, devem receber a formação conveniente em ordem ao
seu múnus em institutos para isso especialmente destinados.
O ensino da Liturgia nos Seminários
16. A sagrada Liturgia deve ser tida, nos seminários e
casas de estudo dos religiosos, como uma das disciplinas necessárias e
mais importantes, nas faculdades de teologia como disciplina principal,
e ensinar-se nos seus aspectos quer teológico e histórico, quer
espiritual, pastoral e jurídico.
Mais: procurem os professores das outras disciplinas,
sobretudo de teologia dogmática, Sagrada Escritura, teologia espiritual
e pastoral, fazer ressaltar, a partir das exigências intrínsecas de cada
disciplina, o mistério de Cristo e a história da salvação, para que se
veja claramente a sua conexão com a Liturgia e a unidade da formação
sacerdotal.
A formação litúrgica dos seminaristas, sacerdotes
e fiéis
17. Nos seminários e casas religiosas, adquiram os
clérigos uma formação litúrgica da vida espiritual, mediante uma
conveniente iniciação que lhes permita penetrar no sentido dos ritos
sagrados e participar perfeitamente neles, mediante a celebração dos
sagrados mistérios, como também mediante outros exercícios de piedade
penetrados do espírito da sagrada Liturgia. Aprendam também a observar
as leis litúrgicas, de modo que nos seminários e institutos religiosos a
vida seja totalmente impregnada de espírito litúrgico.
18. Ajudem-se os sacerdotes, quer seculares quer
religiosos, que já trabalham na vinha do Senhor, por todos os meios
oportunos, a penetrarem cada vez melhor o sentido do que fazem nas
funções sagradas, a viverem a vida litúrgica, e a partilharem-na com os
fiéis que lhes estão confiados.
19. Procurem os pastores de almas fomentar com
persistência e zelo a educação litúrgica e a participação activa dos
fiéis, tanto interna como externa, segundo a sua idade, condição, género
de vida e grau de cultura religiosa, na convicção de que estão cumprindo
um dos mais importantes múnus do dispensador fiel dos mistérios de Deus.
Neste ponto guiem o rebanho não só com palavras mas também com o
exemplo.
O uso dos meios de comunicação
20. Façam-se com discrição e dignidade, e sob a direcção
de pessoa competente, para tal designada pelos Bispos, as transmissões
radiofónicas ou televisivas das acções sagradas, especialmente da Missa.
III - REFORMA DA SAGRADA LITURGIA
Razão e sentido da reforma
21. A santa mãe Igreja, para permitir ao povo cristão um
acesso mais seguro à abundância de graça que a Liturgia contém, deseja
fazer uma acurada reforma geral da mesma Liturgia. Na verdade, a
Liturgia compõe-se duma parte imutável, porque de instituição divina, e
de partes susceptíveis de modificação, as quais podem e devem variar no
decorrer do tempo, se porventura se tiverem introduzido nelas elementos
que não correspondam tão bem à natureza íntima da Liturgia ou se tenham
tornado menos apropriados.
Nesta reforma, proceda-se quanto aos textos e ritos, de
tal modo que eles exprimam com mais clareza as coisas santas que
significam, e, quanto possível, o povo cristão possa mais fàcilmente
apreender-lhes o sentido e participar neles por meio de uma celebração
plena, activa e comunitária.
Para tal fim, o sagrado Concílio estabeleceu estas
normas gerais:
A. Normas gerais
A autoridade competente
22. § 1. Regular a sagrada Liturgia compete ùnicamente à
autoridade da Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as
normas do direito, no Bispo.
§ 2. Em virtude do poder concedido pelo direito,
pertence também às competentes assembleias episcopais territoriais de
vário género legitimamente constituídas regular, dentro dos limites
estabelecidos, a Liturgia.
§ 3. Por isso, ninguém mais, mesmo que seja sacerdote,
ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for
em matéria litúrgica.
Trabalho prudente
23. Para conservar a sã tradição e abrir ao mesmo tempo
o caminho a um progresso legítimo, faça-se uma acurada investigação
teológica, histórica e pastoral acerca de cada uma das partes da
Liturgia que devem ser revistas. Tenham-se ainda em consideração às leis
gerais da estrutura e do espírito da Liturgia, a experiência adquirida
nas recentes reformas litúrgicas e nos indultos aqui e além concedidos.
Finalmente, não se introduzam inovações, a não ser que uma utilidade
autêntica e certa da Igreja o exija, e com a preocupação de que as novas
formas como que surjam a partir das já existentes.
Evitem-se também, na medida do possível, diferenças
notáveis de ritos entre regiões confinantes.
O lugar da Sagrada Escritura
24. É enorme a importância da Sagrada Escritura na
celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que
se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da
sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos;
dela tiram a sua capacidade de significação as acções e os sinais. Para
promover a reforma, o progresso e adaptação da sagrada Liturgia, é
necessário, por conseguinte, desenvolver aquele amor suave e vivo da
Sagrada Escritura de que dá testemunho a venerável tradição dos ritos
tanto orientais como ocidentais.
A revisão dos livros
25. Faça-se o mais depressa possível a revisão dos
livros litúrgicos, utilizando o trabalho de pessoas competentes e
consultando Bispos de diversos países do mundo.
B. Normas que derivam da natureza hierárquica e
comunitária da Liturgia
A liturgia, acção da Igreja comunitária
26. As acções litúrgicas não são acções privadas, mas
celebrações da Igreja, que é «sacramento de unidade», isto é, Povo santo
reunido e ordenado sob a direcção dos Bispos (33).
Por isso, tais acções pertencem a todo o Corpo da
Igreja, manifestam-no, atingindo, porém, cada um dos membros de modo
diverso, segundo a variedade de estados, funções e participação actual.
27. Sempre que os ritos comportam, segundo a natureza
particular de cada um, uma celebração comunitária, caracterizada pela
presença e activa participação dos fiéis, inculque-se que esta deve
preferir-se, na medida do possível, à celebração individual e como que
privada.
Isto é válido sobretudo para a celebração da Missa e
para a administração dos sacramentos, ressalvando-se sempre a natureza
pública e social de toda a Missa.
28. Nas celebrações litúrgicas, limite-se cada um,
ministro ou simples fiel, exercendo o seu ofício, a fazer tudo e só o
que é de sua competência, segundo a natureza do rito e as leis
litúrgicas.
Os ministros inferiores
29. Os que servem ao altar, os leitores, comentadores e
elementos do grupo coral desempenham também um autêntico ministério
litúrgico. Exerçam, pois, o seu múnus com piedade autêntica e do modo
que convêm a tão grande ministério e que o Povo de Deus tem o direito de
exigir.
É, pois, necessário imbuí-los de espírito litúrgico,
cada um a seu modo, e formá-los para executarem perfeita e ordenadamente
a parte que lhes compete.
A participação do povo
30. Para fomentar a participação activa, promovam-se as
aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os
cânticos, bem como as acções, gestos e atitudes corporais. Não deve
deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado.
31. Na revisão dos livros litúrgicas, procure-se que as
rubricas tenham em conta a parte que compete aos fiéis.
A não-acepção das pessoas
32. Na Liturgia, à excepção da distinção que deriva da
função litúrgica e da sagrada Ordem e das honras devidas às autoridades
civis segundo as leis litúrgicas, não deve fazer-se qualquer acepção de
pessoas ou classes sociais, quer nas cerimónias, quer nas solenidades
externas.
C. Normas que derivam da natureza didáctica e pastoral
da Liturgia
O valor didático da Liturgia
33. Embora a sagrada Liturgia seja principalmente culto
da majestade divina, é também abundante fonte de instrução para o povo
fiel (34). Efectivamente, na Liturgia Deus fala ao Seu povo, e Cristo
continua a anunciar o Evangelho. Por seu lado, o povo responde a Deus
com o canto e a oração.
Mais: as orações dirigidas a Deus pelo sacerdote que
preside, em representação de Cristo, à assembleia, são ditas em nome de
todo o Povo santo e de todos os que estão presentes. Os próprios sinais
visíveis que a sagrada Liturgia utiliza para simbolizar as realidades
invisíveis foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja.
Por isso, não é só quando se faz a leitura «do que foi
escrito para nossa instrução» (Rom. 15,4), mas também quando a Igreja
reza, canta ou age, que a fé dos presentes é alimentada e os espíritos
se elevam a Deus, para se lhe submeterem de modo racional e receberem
com mais abundância a sua graça.
Por isso, na reforma da Liturgia, observem-se as
seguintes normas gerais:
Aplicação aos diversos ritos
34. Brilhem os ritos pela sua nobre simplicidade, sejam
claros na brevidade e evitem repetições inúteis; devem adaptar-se à
capacidade de compreensão dos fiéis, e não precisar, em geral, de muitas
explicações.
A conexão entre a palavra e o rito
35. Para se poder ver claramente que na Liturgia o rito
e a palavra estão ìntimamente unidos:
1) Seja mais abundante, variada e bem adaptada a leitura
da Sagrada Escritura nas celebrações litúrgicas.
2) Indiquem as rubricas o momento mais apto para a
pregação, que é parte da acção litúrgica, quando o rito a comporta. O
ministério da palavra deve ser exercido com muita fidelidade e no modo
devido. A pregação deve ir beber à Sagrada Escritura e à Liturgia, e ser
como que o anúncio das maravilhas de Deus na história da salvação, ou
seja, no mistério de Cristo, o qual está sempre presente e operante em
nós, sobretudo nas celebrações litúrgicas.
3) Procure-se também inculcar por todos os modos uma
catequese mais directamente litúrgica, e prevejam-se nos próprios ritos,
quando necessário, breves admonições, feitas só nos momentos mais
oportunos, pelo sacerdote ou outro ministro competente, com as palavras
prescritas ou semelhantes.
4) Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas
vigílias das festas mais solenes, em alguns dias feriais do Advento e da
Quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente onde não houver
sacerdote; neste caso, será um diácono, ou outra pessoa delegada pelo
Bispo, a dirigir a celebração.
A língua litúrgica: traduções
36. § 1. Deve conservar-se o uso do latim nos ritos
latinos, salvo o direito particular.
§ 2. Dado, porém, que não raramente o uso da língua
vulgar pode revestir-se de grande utilidade para o povo, quer na
administração dos sacramentos, quer em outras partes da Liturgia, poderá
conceder-se à língua vernácula lugar mais amplo, especialmente nas
leituras e admonições, em algumas orações e cantos, segundo as normas
estabelecidas para cada caso nos capítulos seguintes.
§ 3. Observando estas normas, pertence à competente
autoridade eclesiástica territorial, a que se refere o artigo 22 § 2,
consultados, se for o caso, os Bispos das regiões limítrofes da mesma
língua, decidir acerca do uso e extensão da língua vernácula. Tais
decisões deverão ser aprovadas ou confirmadas pela Sé Apostólica.
§ 4. A tradução do texto latino em língua vulgar para
uso na Liturgia, deve ser aprovada pela autoridade eclesiástica
territorial competente, acima mencionada.
D. Normas para a adaptação da Liturgia à índole e
tradições dos povos
A adaptação da Igreja
37. Não é desejo da Igreja impor, nem mesmo na Liturgia,
a não ser quando está em causa a fé e o bem de toda a comunidade, uma
forma única e rígida, mas respeitar e procurar desenvolver as qualidades
e dotes de espírito das várias raças e povos. A Igreja considera com
benevolência tudo o que nos seus costumes não está indissolùvelmente
ligado a superstições e erros, e, quando é possível, mantem-no
inalterável, por vezes chega a aceitá-lo na Liturgia, se se harmoniza
com o verdadeiro e autêntico espírito litúrgico.
Aplicação à Liturgia
38. Mantendo-se substancialmente a unidade do rito
romano, dê-se possibilidade às legítimas diversidades e adaptações aos
vários grupos étnicos, regiões e povos, sobretudo nas Missões, de se
afirmarem, até na revisão dos livros litúrgicos; tenha-se isto
oportunamente diante dos olhos ao estruturar os ritos e ao preparar as
rubricas.
A autoridade competente
39. Será da atribuição da competente autoridade
eclesiástica territorial, de que fala o art. 22 § 2, determinar as
várias adaptações a fazer, especialmente no que se refere à
administração dos sacramentos, aos sacramentais, às procissões, à língua
litúrgica, à música sacra e às artes, dentro dos limites estabelecidos
nas edições típicas dos livros litúrgicos e sempre segundo as normas
fundamentais desta Constituição.
Casos especiais
40. Mas como em alguns lugares e circunstâncias é
urgente fazer uma adaptação mais profunda da Liturgia, que é, por isso,
mais difícil:
1) Deve a competente autoridade eclesiástica
territorial, a que se refere o art. 22 § 2, considerar com muita
prudência e atenção o que, neste aspecto, das tradições e génio de cada
povo, poderá oportunamente ser aceite na Liturgia. Proponham-se à Sé
Apostólica as adaptações julgadas úteis ou necessárias, para serem
introduzidas com o seu consentimento.
2) Para se fazer a adaptação com a devida cautela, a Sé
Apostólica poderá dar, se for necessário, à mesma autoridade
eclesiástica territorial a faculdade de permitir e dirigir as
experiências prévias que forem precisas, em alguns grupos que sejam
aptos para isso e por um tempo determinado.
3) Como as leis litúrgicas criam em geral dificuldades
especiais quanto à adaptação, sobretudo nas Missões, haja, para a sua
elaboração, pessoas competentes na matéria de que se trata.
IV - PROMOÇÃO DA VIDA LITÚRGICA NA
DIOCESE E NA PARÓQUIA
O Bispo, centro de unidade de vida na diocese
41. O Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote
do seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus
fiéis em Cristo.
Por isso, todos devem dar a maior importância à vida
litúrgica da diocese que gravita em redor do Bispo, sobretudo na igreja
catedral, convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz
numa participação perfeita e activa de todo o Povo santo de Deus na
mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma Eucaristia, numa
única oração, ao redor do único altar a que preside o Bispo rodeado pelo
presbitério e pelos ministros (35).
O pároco seu representante
42. Impossibilitado como está o Bispo de presidir
pessoalmente sempre e em toda a diocese a todo o seu rebanho, vê-se na
necessidade de reunir os fiéis em grupos vários, entre os quais têm
lugar proeminente as paróquias, constituídas localmente sob a
presidência dum pastor que faz as vezes do Bispo. As paróquias
representam, de algum modo, a Igreja visível estabelecida em todo o
mundo.
Por consequência, deve cultivar-se no espírito e no modo
de agir dos fiéis e dos sacerdotes a vida litúrgica da paróquia e a sua
relação com ó Bispo, e trabalhar para que floresça o sentido da
comunidade paroquial, especialmente na celebração comunitária da missa
dominical.
V - INCREMENTO DA ACÇÃO PASTORAL
LITÚRGICA
Sinal providencial
43. O interesse pelo incremento e renovação da Liturgia
é justamente considerado como um sinal dos desígnios providenciais de
Deus sobre o nosso tempo, como uma passagem do Espírito Santo pela sua
Igreja, e imprime uma nota distintiva à própria vida da Igreja, a todo o
modo religioso de sentir e de agir do nosso tempo.
Em ordem a desenvolver cada vez mais na Igreja esta
acção pastoral litúrgica, o sagrado Concílio determina:
Comissões de Liturgia, música e arte sacra
44. Convém que a autoridade eclesiástica territorial
competente, a que se refere o art. 22 § 2, crie uma Comissão litúrgica,
que deve servir-se da ajuda de especialistas em liturgia, música, arte
sacra e pastoral. A Comissão deverá contar, se possível, com o auxílio
dum Instituto de Liturgia Pastoral, de cujos membros não se excluirão
leigos particularmente competentes, se for necessário. Será atribuição
da dita Comissão dirigir, guiada pela autoridade eclesiástica
territorial, a pastoral litúrgica no território da sua competência,
promover os estudos e as experiências necessárias sempre que se trate de
adaptações a propor à Santa Sé.
45. Crie-se igualmente em cada diocese a Comissão
litúrgica, em ordem a promover, sob a direcção do Bispo, a pastoral
litúrgica. Poderá suceder que seja oportuno que várias dioceses formem
uma só Comissão para promover em conjunto o apostolado litúrgico.
46. Criem-se em cada diocese, se possível, além da
Comissão litúrgica, Comissões de música sacra e de arte sacra.
É necessário que estas três Comissões trabalhem em
conjunto, e não raro poderá ser oportuno que formem uma só Comissão.
CAPÍTULO II
O SAGRADO MISTÉRIO DA EUCARISTIA
Instituição e natureza
47. O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite
em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu
Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o
Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da
sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade,
vínculo de caridade (36), banquete pascal em que se recebe Cristo, a
alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura (37).
A participação dos fiéis
48. É por isso que a Igreja procura, solícita e
cuidadosa, que os cristãos não entrem neste mistério de fé como
estranhos ou espectadores mudos, mas participem na acção sagrada,
consciente, activa e piedosamente, por meio duma boa compreensão dos
ritos e orações; sejam instruídos pela palavra de Deus; alimentem-se à
mesa do Corpo do Senhor; dêem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si
mesmos, ao oferecer juntamente com o sacerdote, que não só pelas mãos
dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador (38),
progridam na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja
tudo em todos.
Revisão dos textos com mais leituras bíblicas
49. Para que o Sacrifício da missa alcance plena
eficácia pastoral, mesmo quanto ao seu rito, o sagrado Concílio, tendo
em atenção as missas que se celebram com assistência do povo, sobretudo
aos domingos e nas festas de preceito, determina o seguinte:
50. O Ordinário da missa deve ser revisto, de modo que
se manifeste mais claramente a estrutura de cada uma das suas partes bem
como a sua mútua conexão, para facilitar uma participação piedosa e
activa dos fiéis. Que os ritos se simplifiquem, bem respeitados na sua
estrutura essencial; sejam omitidos todos os que, com o andar do tempo,
se duplicaram ou menos ùtilmente se acrescentaram; restaurem-se, porém,
se parecer oportuno ou necessário e segundo a antiga tradição dos Santos
Padres, alguns que desapareceram com o tempo.
51. Prepare-se para os fiéis, com maior abundância, a
mesa da Palavra de Deus: abram-se mais largamente os tesouros da Bíblia,
de modo que, dentro de um período de tempo estabelecido, sejam lidas ao
povo as partes mais importantes da Sagrada Escritura.
Homilia e oração dos fiéis
52. A homilia, que é a exposição dos mistérios da fé e
das normas da vida cristã no decurso do ano litúrgico e a partir do
texto sagrado, é muito para recomendar, como parte da própria Liturgia;
não deve omitir-se, sem motivo grave, nas missas dos domingos e festas
de preceito, concorridas pelo povo.
53. Deve restaurar-se, especialmente nos domingos e
festas de preceito, a «oração comum» ou «oração dos fiéis», recitada
após o Evangelho e a homilia, para que, com a participação do povo, se
façam preces pela santa Igreja, pelos que nos governam, por aqueles a
quem a necessidade oprime, por todos os homens e pela salvação de todo o
mundo (39).
Língua
54. A língua vernácula pode dar-se, nas missas
celebradas com o povo, um lugar conveniente, sobretudo nas leituras e na
«oração comum» e, segundo as
diversas circunstâncias dos lugares, nas partes que pertencem ao povo,
conforme o estabelecido no art. 36 desta Constituição.
Tomem-se providências para que os fiéis possam rezar ou
cantar, mesmo em latim, as partes do Ordinário da missa que lhes
competem.
Se algures parecer oportuno um uso mais amplo do
vernáculo na missa, observe-se o que fica determinado no art. 40 desta
Constituição.
Comunhão dos fiéis
55. Recomenda-se vivamente um modo mais perfeito de
participação na missa, que consiste em que os fiéis, depois da comunhão
do sacerdote, recebam do mesmo Sacrifício, o Corpo do Senhor.
A comunhão sob as duas espécies, firmes os princípios
dogmáticos estabelecidos pelo Concílio de Trento (40), pode ser
permitida, quer aos clérigos e religiosos, quer aos leigos, nos casos a
determinar pela Santa Sé e ao arbítrio do Bispo, como seria o caso dos
recém-ordenados na missa da ordenação, dos professos na missa da sua
profissão religiosa, dos neófitos na missa pós-baptismal.
Unidade da liturgia da palavra e da liturgia
eucarística
56. Estão tão intimamente ligadas entre si as duas
partes de que se compõe, de algum modo, a missa - a liturgia da Palavra
e a liturgia eucarística - que formam um só acto de culto. Por isso, o
sagrado Concilio exorta com veemência os pastores de almas a instruirem
bem os fiéis, na catequese, sobre o dever de ouvir a missa inteira,
especialmente nos domingos e festas de preceito.
Concelebração e seu rito
57. § 1. A concelebração, que manifesta bem a unidade do
sacerdócio, tem sido prática constante até ao dia de hoje, quer no
Oriente quer no Ocidente. Por tal motivo, aprouve ao Concílio estender a
faculdade de concelebrar aos seguintes casos:
1°. a) na quinta-feira da Ceia do Senhor, tanto na missa
crismal como na missa vespertina;
b) nas missas dos Concílios, Conferências episcopais e
Sínodos;
c) na missa da bênção dum Abade.
2°. Além disso, com licença do Ordinário, a quem compete
julgar da oportunidade da concelebração:
a) na missa conventual e na missa principal das igrejas,
sempre que a utilidade dos fiéis não exige a celebração individual de
todos os sacerdotes presentes;
b) nas missas celebradas por ocasião de qualquer espécie
de reuniões de sacerdotes, tanto seculares como religiosos.
§ 2. 1.° É da atribuição do Bispo regular a disciplina
da concelebração na diocese.
2°. Ressalva-se, contudo, que se mantem sempre a
faculdade de qualquer sacerdote celebrar individualmente, mas não
simultâneamente na mesma igreja, nem na quinta-feira da Ceia do Senhor.
58. Deve compor-se o novo rito da concelebração a
inserir no Pontifical e no Missal romano.
CAPÍTULO III
OS OUTROS SACRAMENTOS E OS SACRAMENTAIS
Natureza dos sacramentos
59. Os sacramentos estão ordenados à santificação dos
homens, à edificação do Corpo de Cristo e, enfim, a prestar culto a
Deus; como sinais, têm também a função de instruir. Não só supõem a fé,
mas também a alimentam, fortificam e exprimem por meio de palavras e
coisas, razão pela qual se chamam sacramentos da fé. Conferem a graça, a
cuja frutuosa recepção a celebração dos mesmos òptimamente dispõe os
fiéis, bem como a honrar a Deus do modo devido e a praticar a caridade.
Por este motivo, interessa muito que os fiéis
compreendam facilmente os sinais sacramentais e recebam com a maior
frequência possível os sacramentos que foram instituídos para alimentar
a vida cristã.
Natureza dos sacramentais
60. A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais.
Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam
realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da
Igreja. Por meio deles dispõem-se os homens para a recepção do principal
efeito dos sacramentos e santificam-se as várias circunstâncias da vida.
61. Portanto, a liturgia dos sacramentos e sacramentais
faz com que a graça divina, que deriva do Mistério pascal da Paixão,
Morte e Ressurreição de Cristo, onde vão buscar a sua eficácia todos os
sacramentos e sacramentais, santifique todos os passos da vida dos fiéis
que os recebem com a devida disposição. A ela se deve também que não
deixe de poder ser orientado para a santificação dos homens e para o
louvor de Deus o bom uso das coisas materiais.
Necessidade de revisão
62. Tendo-se introduzido, com o decorrer do tempo, no
ritual dos sacramentos e sacramentais, elementos que tornam hoje menos
claros a sua natureza e fim, e devendo por isso fazer-se algumas
adaptações às necessidades do nosso tempo, o sagrado Concílio decretou o
seguinte em ordem à sua revisão.
A língua
63. Pode ser frequentemente muito útil para o povo o uso
do vernáculo na administração dos sacramentos e sacramentais. Dê-se-lhe,
por isso, maior importância segundo estas normas:
a) Na administração dós sacramentos e sacramentais pode
usar-se o vernáculo, segundo o estatuído no art. 36;
b) A competente autoridade eclesiástica territorial, a
que se refere o art. 22 § 2." desta Constituição, prepare o mais
depressa possível, com base na nova edição do Ritual romano, os Rituais
particulares, adaptados às necessidades de cada uma das regiões, mesmo
quanto à língua. Procure-se que sejam postos em vigor nas respectivas
regiões depois de aprovados pela Sé Apostólica. Na composição destes
Rituais ou especiais «Colecções de
ritos» não devem omitir-se as instruções
que o Ritual romano coloca no início de cada rito, quer sejam de
carácter pastoral, quer digam respeito às rubricas, quer tenham especial
importância comunitária.
Restauração do catecumenado
64. Restaure-se o catecumenado dos adultos, com vários
graus, a praticar segundo o critério do Ordinário do lugar, de modo que
se possa dar a conveniente instrução a que se destina o catecumenado e
santificar este tempo por meio de ritos sagrados que se hão-de celebrar
em ocasiões sucessivas.
65. Seja lícito admitir nas terras de Missão, ao lado
dos elementos próprios da tradição cristã, os elementos de iniciação
usados por cada um desses povos, na medida em que puderem integrar-se no
rito cristão, segundo os art.s 37-40 desta Constituição.
Rito do Baptismo de adultos
66. Revejam-se tanto o rito simples do Baptismo de
adultos, como o mais solene, tendo em conta a restauração do
catecumenado, e insira-se no Missal romano a missa própria
«para a administração do Baptismo».
Rito do Baptismo de crianças
67. Reveja-se o rito do Baptismo de crianças e adapte-se
à sua real condição. Dê-se maior realce, no rito, à parte e aos deveres
dos pais e padrinhos.
Adaptações do rito do Baptismo
68. Prevejam-se adaptações no rito do Baptismo, a usar,
segundo o critério do Ordinário do lugar; para quando houver grande
número de neófitos. Componha-se também um «Rito
mais breve» que os catequistas,
sobretudo em terras de Missão, e em perigo de morte qualquer fiel,
possam utilizar na ausência de um sacerdote ou diácono.
Rito para suprir as cerimónias omitidas no
Baptismo
69. Em vez do «Rito
para suprir as cerimónias omitidas sobre uma criança já baptizada»,
componha-se um novo em que se exprima de modo mais claro e conveniente
que uma criança, baptizada com o rito breve, já foi recebida na Igreja.
Prepare-se também um novo rito que exprima que são
acolhidos na comunhão da Igreja os vàlidamente baptizados que se
converteram à Religião católica.
Bênção da água baptismal
Fora do tempo pascal, pode benzer-se a água baptismal no
próprio rito do baptismo e com uma fórmula especial mais breve.
Rito da Confirmação
71. Para fazer ressaltar a íntima união do sacramento da
Confirmação com toda a iniciação cristã, reveja-se o rito deste
sacramento; pela mesma razão, é muito conveniente, antes de o receber,
fazer a renovação das promessas do Baptismo.
A Confirmação, se parecer oportuno, pode ser conferida
durante a missa; prepare-se, entretanto. em ordem à celebração do rito
fora da missa, uma fórmula que lhe possa servir de introdução.
Rito da Penitência
72. Revejam-se o rito e as fórmulas da Penitência de
modo que exprimam com mais clareza a natureza e o efeito do sacramento.
A Unção dos enfermos
73. A «Extrema-Unção», que também pode, e melhor, ser
chamada «Unção dos enfermos», não é
sacramento só dos que estão no fim da vida. É já certamente tempo
oportuno para a receber quando o fiel começa, por doença ou por velhice,
a estar em perigo de morte.
74. Além dos ritos distintos da Unção dos enfermos e do
Viático, componha-se um «Rito contínuo» em que a Unção se administre ao
doente depois da confissão e antes da recepção do Viático.
75. O número das unções deve regular-se segundo a
oportunidade. Revejam-se as orações do rito da Unção dos enfermos, de
modo que correspondam às diversas condições dos que recebem este
sacramento.
Revisão dos ritos da Ordem
76. Faça-se a revisão do texto e das cerimónias do rito
das Ordenações. As alocuções do Bispo, no início da ordenação ou
sagração, podem ser em vernáculo.
Na sagração episcopal, todos os Bispos presentes podem
fazer a imposição das mãos.
Rito do Matrimónio
77. A fim de indicar mais claramente a graça do
sacramento e inculcar os deveres dos cônjuges, reveja-se e enriqueça-se
o rito do Matrimónio que vem no Ritual romano.
«É desejo veemente
do sagrado Concílio que as regiões, onde na celebração do Matrimónio se
usam outras louváveis tradições e cerimónias, as conservem» (41).
Concede-se à competente autoridade eclesiástica
territorial, a que se refere o art. 22 § 2 desta Constituição, a
faculdade de preparar um rito próprio de acordo com o uso dos vários
lugares e povos, devendo, porém, o sacerdote que assiste pedir e receber
o consentimento dos nubentes.
78. Celebre-se usualmente o Matrimónio dentro da missa,
depois da leitura do Evangelho e da homilia e antes da «Oração dos fiéis».
A oração pela esposa, devidamente corrigida a fim de inculcar que o
dever de fidelidade é mútuo, pode dizer-se em vernáculo.
Se o Matrimónio não for celebrado dentro da missa,
leiam-se no começo do rito a epístola e o evangelho da «Missa dos esposos» e nunca se deixe
de dar a bênção nupcial.
Revisão dos Sacramentais
79. Faça-se uma revisão dos sacramentos, tendo presente
o princípio fundamental de uma participação consciente, activa e fácil
dos fiéis, bem como as necessidades do nosso tempo. Podem acrescentar-se
nos Rituais, a rever segundo o disposto no art. 63, novos sacramentais
conforme as necessidades o pedirem.
Limitem-se a um pequeno número, e só em favor dos Bispos
ou Ordinários, as bênçãos reservadas.
Providencie-se de modo que alguns sacramentais, pelo
menos em circunstâncias especiais e a juízo do Ordinário, possam ser
administrados por leigos dotados das qualidades requeridas.
Rito da consagração das Virgens
80. Reveja-se o rito da consagração das Virgens, que vem
no Pontifical romano.
Componha-se também um rito de profissão religiosa e de
renovação de votos, a utilizar, salvo direito particular, por aqueles
que fazem a profissão ou renovam os votos dentro da Missa, o qual
contribua para maior unidade, sobriedade e dignidade. Será louvável
fazer a profissão religiosa dentro da Missa.
Rito das exéquias
81. As exéquias devem exprimir melhor o sentido pascal
da morte cristã. Adapte-se mais o rito às condições e tradições das
várias regiões, mesmo na cor litúrgica.
82. Faça-se a revisão do rito de sepultura das crianças
e dê-se-lhe missa própria.
CAPÍTULO IV
O OFÍCIO DIVINO
Sua natureza: oração da Igreja em nome de Cristo
83. Jesus Cristo, sumo sacerdote da nova e eterna
Aliança, ao assumir a natureza humana, trouxe a este exílio da terra
aquele hino que se canta por toda a eternidade na celeste mansão. Ele
une a si toda a humanidade e associa-a a este cântico divino de louvor.
Continua esse múnus sacerdotal por intermédio da sua
Igreja, que louva o Senhor sem cessar e intercede pela salvação de todo
o mundo, não só com a celebração da Eucaristia, mas de vários outros
modos, especialmente pela recitação do Ofício divino.
84. O Ofício divino, segundo a antiga tradição cristã,
destina-se a consagrar, pelo louvor a Deus, o curso diurno e nocturno do
tempo. E quando são os sacerdotes a cantar esse admirável cântico de
louvor, ou outros para tal deputados pela Igreja, ou os fiéis quando
rezam juntamente com o sacerdote segundo as formas aprovadas, então é
verdadeiramente a voz da Esposa que fala com o Esposo ou, melhor, a
oração que Cristo, unido ao seu Corpo, eleva ao Pai.
85. Todos os que rezam assim, cumprem, por um lado, a
obrigação própria da Igreja, e, por outro, participam na imensa honra da
Esposa de Cristo, porque estão em nome da Igreja diante do trono de
Deus, a louvar o Senhor.
Valor pastoral
86. Os sacerdotes, dedicados ao sagrado ministério
pastoral, recitarão com tanto mais fervor o Ofício divino, quanto mais
conscientes estiverem de que devem seguir a exortação de S. Paulo:
«Rezai sem cessar» (1 Tess. 5,17). É que só o Senhor pode dar eficácia e
fazer progredir a obra em que trabalham, Ele que disse: «Sem mim, nada
podeis fazer» (Jo. 15, 5). Razão tiveram os Apóstolos para dizer, quando
instituiram os diáconos: «Nós atenderemos com assiduidade à oração e ao
ministério da palavra» (Act. 6, 4).
Normas para a reforma
87. Para permitir nas circunstâncias actuais, quer aos
sacerdotes, quer a outros membros da Igreja, uma melhor e mais perfeita
recitação do Ofício divino, pareceu bem ao sagrado Concílio, continuando
a restauração felizmente iniciada pela Santa Sé, estabelecer o seguinte
sobre o Ofício do rito romano.
88. Sendo o objectivo do Ofício a santificação do dia,
deve rever-se a sua estrutura tradicional, de modo que, na medida do
possível, se façam corresponder as «horas» ao seu respectivo tempo,
tendo presentes também as condições da vida hodierna em que se encontram
sobretudo os que se dedicam a obras do apostolado.
89. Por isso, na reforma do Ofício, observem-se as
seguintes normas:
a) As Laudes, oração da manhã, e as Vésperas, oração
da noite, tidas como os dois polos do Ofício quotidiano pela
tradição venerável da Igreja universal, devem considerar-se as
principais Horas e como tais celebrar-se;
b) As Completas devem adaptar-se, para condizer com
o fim do dia;
c) As Matinas, continuando embora, quando recitadas
em coro, com a índole de louvor nocturno, devem adaptar-se para ser
recitadas a qualquer hora do dia; tenham menos salmos e lições mais
extensas;
d) Suprima-se a Hora de Prima;
e) Mantenham-se na recitação em coro as Horas
menores de Tércia, Sexta e Noa. Fora da recitação coral, pode
escolher-se uma das três, a que mais se coadune com a hora do dia.
90. Sendo ainda o Ofício divino, como oração pública da
Igreja, fonte de piedade e alimento da oração pessoal, exortam-se no
Senhor os sacerdotes, e todos os outros que participam no Ofício divino,
a que, ao recitarem-no, o espírito corresponda às palavras; para melhor
o conseguirem, procurem adquirir maior instrução litúrgica e bíblica,
especialmente quanto aos salmos. Tenha-se como objectivo, ao fazer a
reforma desse tesouro venerável e secular que é o Ofício romano, que
mais larga e fàcilmente o possam usufruir todos aqueles a quem é
confiado.
91. Para poder observar-se realmente o curso das Horas,
proposta no artigo 89, distribuam-se os salmos, não já por uma semana,
mas por mais longo espaço de tempo.
Conclua-se o mais depressa possível a obra, felizmente
iniciada, da revisão do Saltério, procurando respeitar a língua latina
cristã, o seu uso litúrgico mesmo no canto, e toda a tradição da Igreja
latina.
92. Quanto às leituras, sigam-se estas normas:
a) Ordenem-se as leituras da Sagrada Escritura de
modo que se permita mais fácil e amplo acesso aos tesouros da
palavra de Deus;
b) Faça-se melhor selecção das leituras a extrair
das obras dos Santos Padres, Doutores e Escritores eclesiásticos;
c) As «Paixões» ou vidas dos Santos sejam
restituídas à verdade histórica.
93. Restaurem-se os hinos, segundo convenha, na sua
forma original, tirando ou mudando tudo o que tenha ressaibos
mitológicos ou for menos conforme com a piedade cristã. Se convier,
admitam-se também outros que se encontram nas colecções hinológicas.
Recitação coral ou privada
94. Importa, quer para santificar verdadeiramente o dia,
quer para recitar as Horas com fruto espiritual, que ao rezá-las se
observe o tempo que mais se aproxima do verdadeiro tempo de cada um das
Horas canónicas.
95. As Comunidades com obrigação de coro têm o dever de
celebrar, além da Missa conventual, diàriamente e em coro, o Ofício
divino, ou seja;
a) O Ofício completo: as Ordens de Cónegos, de
Monges e Monjas e de outros Regulares que por direito ou
constituições estão obrigados ao coro;
b) As partes do Ofício que lhes são. impostas pelo
direito comum ou particular: os Cabidos das catedrais ou das
colegiadas;
c) Todos os membros dessas Comunidades que já
receberam Ordens maiores ou fizeram profissão solene, à excepção dos
conversos, devem recitar sòzinhos as Horas canónicas que não recitam
no coro.
96. Os clérigos não obrigados ao coro, se já receberam
Ordens maiores, são obrigados a recitar diàriamente, ou em comum ou
individualmente, todo o Ofício, segundo o prescrito no art. 89.
97. As novas rubricas estabelecerão as comutações, que
parecerem oportunas, do Ofício divino por outro acto litúrgico. Podem os
Ordinários, em casos particulares e por causa justa, dispensar os seus
súbditos da obrigação de recitar o Ofício no todo ou em parte, ou
comutá-lo.
98. Os membros dos Institutos de perfeição, que, por
força das constituições, recitam algumas partes do Ofício divino,
participam na oração pública da Igreja.
Tomam parte igualmente na oração pública da Igreja se
recitam, segundo as constituições, algum «Ofício breve», desde que seja
composto à imitação do Ofício divino e devidamente aprovado.
99. Sendo o Ofício divino a voz da Igreja, isto é, de
todo o Corpo místico a louvar a Deus pùblicamente, aconselha-se aos
clérigos não obrigados ao coro, e sobretudo aos sacerdotes que convivem
ou se retinem, que rezem em comum ao menos alguma parte do Ofício
divino.
Todos, pois, os que recitam o Ofício quer em coro quer
em comum, esforcem-se por desempenhar do modo mais perfeito possível o
múnus que lhes está confiado, tanto na disposição interior do espírito
como na compostura exterior. Além disso, é bem que se cante o Ofício
divino, tanto em coro como em comum, segundo a oportunidade.
100. Cuidem os pastores de almas que nos domingos e
festas mais solenes se celebrem em comum na igreja as Horas principais,
especialmente Vésperas. Recomenda-se também aos leigos que recitem o
Ofício divino, quer juntamente com os sacerdotes, quer uns com os
outros, ou mesmo particularmente.
Língua
101. § 1. Conforme à tradição secular do rito latino, a
língua a usar no Ofício divino é o latim. O Ordinário poderá, contudo,
conceder, em casos particulares, aos clérigos para quem o uso da língua
latina for um impedimento grave para devidamente recitarem o Ofício, a
faculdade de usarem uma tradução em vernáculo, composta segundo a norma
do art. 36.
§ 2. O Superior competente pode conceder às Monjas, como
também aos membros dos Institutos de perfeição, não clérigos ou
mulheres, o uso do vernáculo no Ofício divino, mesmo na celebração
coral, desde que a versão seja aprovada.
§ 3. Cumprem a sua obrigação de rezar o Ofício divino os
clérigos que o recitem em vernáculo com a assembleia dos fiéis ou com
aqueles a que se refere o § 2, desde que a tradução seja aprovada.
CAPÍTULO V
O ANO LITÚRGICO
Sua natureza: o ciclo do tempo
102. A santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em
determinados dias do ano, a memória sagrada da obra de salvação do seu
divino Esposo. Em cada semana, no dia a que chamou domingo, celebra a da
Ressurreição do Senhor, como a celebra também uma vez no ano na Páscoa,
a maior das solenidades, unida à memória da sua Paixão.
Distribui todo o mistério de Cristo pelo correr do ano,
da Incarnação e Nascimento à Ascensão, ao Pentecostes, à expectativa da
feliz esperança e da vinda do Senhor.
Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja
oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a
ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis,
em contacto com eles, se encham de graça.
as festas da Virgem e dos Santos
103. Na celebração deste ciclo anual dos mistérios de
Cristo, a santa Igreja venera com especial amor, porque
indissolùvelmente unida à obra de salvação do seu Filho, a
Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, em quem vê e exalta o mais
excelso fruto da Redenção, em quem contempla, qual imagem puríssima, o
que ela, toda ela, com alegria deseja e espera ser..
104. A Igreja inseriu também no ciclo anual a memória
dos Mártires e outros Santos, os quais, tendo pela graça multiforme de
Deus atingido a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a
Deus no céu o louvor perfeito e intercedem por nós. Ao celebrar o
«dies natalis»
(dia da morte) dos Santos, proclama o mistério pascal realizado na
paixão e glorificação deles com Cristo, propõe aos fiéis os seus
exemplos, que conduzem os homens ao Pai por Cristo, e implora pelos seus
méritos as bênçãos de Deus.
exercícios de piedade
105. Em várias épocas do ano e seguindo o uso
tradicional, a Igreja completa a formação dos fiéis servindo-se de
piedosas práticas corporais e espirituais, da instrução, da oração e das
obras de penitência e misericórdia.
Por isso, aprouve ao sagrado Concílio determinar o
seguinte:
Domingo e festas do Senhor
106. Por tradição apostólica, que nasceu do próprio dia
da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os
oito dias, no dia que bem se denomina dia do Senhor ou domingo. Neste
dia devem os fiéis reunir-se para participarem na Eucaristia e ouvirem a
palavra de Deus, e assim recordarem a Paixão, Ressurreição e glória do
Senhor Jesus e darem graças a Deus que os »regenerou para uma esperança
viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos» (1 Pedr.
1,3). O domingo é, pois, o principal dia de festa a propor e inculcar no
espírito dos fiéis; seja também o dia da alegria e do repouso. Não deve
ser sacrificado a outras celebrações que não sejam de máxima
importância, porque o domingo é o fundamento e o centro de todo o
107. Reveja-se o ano litúrgico de tal modo que,
conservando-se ou reintegrando-se os costumes tradicionais dos tempos
litúrgicos, segundo o permitirem as circunstâncias de hoje, mantenha o
seu carácter original para, com a celebração dos mistérios da Redenção
cristã, sobretudo do mistério pascal, alimentar devidamente a piedade
dos fiéis. Sé acaso forem necessárias adaptações aos vários lugares,
façam-se segundo os art. 39 e 40.
108. Oriente-se o espírito dos fiéis em primeiro lugar
para as festas do Senhor, as quais celebram durante o ano os mistérios
da salvação e, para que o ciclo destes mistérios possa ser celebrado no
modo devido e na sua totalidade, dê-se ao Próprio do Tempo o lugar que
lhe convém, de preferência sobre as festas dos Santos.
A Quaresma
109. Ponham-se em maior realce, tanto na Liturgia como
na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo
quaresmal, que pretende, sobretudo através da recordação ou preparação
do Baptismo e pela Penitência, preparar os fiéis, que devem ouvir com
mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais
insistência, para a celebração do mistério pascal. Por isso:
a) utilizem-se com mais abundância os elementos
baptismais próprios da liturgia quaresmal e retomem-se, se parecer
oportuno, elementos da antiga tradição;
b) o mesmo se diga dos elementos penitenciais.
Quanto à catequese, inculque-se nos espíritos, de par com as
consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitência,
que é detestação do pecado por ser ofensa de Deus; nem se deve
esquecer a parte da Igreja na prática penitenciai, nem deixar de
recomendar a oração pelos pecadores.
110. A penitência quaresmal deve ser também externa e
social, que não só interna e individual. Estimule-se a prática da
penitência, adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas
regiões e à condição de cada um dos fiéis. Recomendem-na as autoridades
a que se refere o art. 22.
Mantenha-se religiosamente o jejum pascal, que se deve
observar em toda a parte na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e,
se oportuno, estender-se também ao Sábado santo, para que os fiéis
possam chegar à alegria da Ressurreição do Senhor com elevação e
largueza de espírito.
As festas dos santos
111. A Igreja, segundo a tradição, venera os Santos e as
suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos
Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos seus servos e oferecem
aos fiéis os bons exemplos a imitar.
Para que as festas dos Santos não prevaleçam sobre as
festas que recordam os mistérios da salvação, muitas delas ficarão a ser
celebradas só por uma igreja particular ou nação ou família religiosa,
estendendo-se apenas a toda a Igreja as que festejam Santos de inegável
importância universal.
CAPÍTULO VI
A MÚSICA SACRA
Importância para a Liturgia
112. A tradição musical da Igreja é um tesouro de
inestimável valor, que excede todas as outras expressões de arte,
sobretudo porque o canto sagrado, intimamente unido com o texto,
constitui parte necessária ou integrante da Liturgia solene.
Não cessam de a enaltecer, quer a Sagrada Escritura
(42), quer os Santos Padres e os Romanos Pontífices, que ainda
recentemente, a começar em S. Pio X, vincaram com mais insistência a
função ministerial da música sacra no culto divino.
A música sacra será, por isso, tanto mais santa quanto
mais intimamente unida estiver à acção litúrgica, quer como expressão
delicada da oração, quer como factor de comunhão, quer como elemento de
maior solenidade nas funções sagradas. A Igreja aprova e aceita no culto
divino todas as formas autênticas de arte, desde que dotadas das
qualidades requeridas.
O sagrado Concílio, fiel às normas e determinações da
tradição e disciplina da Igreja, e não perdendo de vista o fim da música
sacra, que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis, estabelece o
seguinte:
113. A acção litúrgica reveste-se de maior nobreza
quando é celebrada de modo solene com canto, com a presença dos
ministros sagrados e a participação activa do povo.
Observe-se, quanto à língua a usar, o art. 36; quanto à
Missa, o art. 54; quanto aos sacramentos, o art. 63; e quanto ao Ofício
divino, o art. 101.
Promoção da música sacra
114. Guarde-se e desenvolva-se com diligência o
património da música sacra. Promovam-se com empenho, sobretudo nas
igrejas catedrais, as «Scholae cantorum». Procurem os Bispos e demais
pastores de almas que os fiéis participem activamente nas funções
sagradas que se celebram com canto, na medida que lhes compete e segundo
os art. 28 e 30.
115. Dê-se grande importância nos Seminários, Noviciados
e casas de estudo de religiosos de ambos os sexos, bem como noutros
institutos e escolas católicas, à formação e prática musical. Para o
conseguir, procure-se preparar também e com muito cuidado os professores
que terão a missão de ensinar a música sacra.
Recomenda-se a fundação, segundo as circunstâncias, de
Institutos Superiores de música sacra.
Os compositores e os cantores, principalmente as
crianças, devem receber também uma verdadeira educação litúrgica.
116. A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia
romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na acção litúrgica, em
igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar.
Não se excluem todos os outros géneros de música sacra,
mormente a polifonia, na celebração dos Ofícios divinos, desde que
estejam em harmonia com o espírito da acção litúrgica, segundo o
estatuído no art. 30.
117. Procure terminar-se a edição típica dos livros de
canto gregoriano; prepare-se uma edição mais crítica dos livros já
editados depois da reforma de S. Pio X.
Convirá preparar uma edição com melodias mais simples
para uso das igrejas menores.
118. Promova-se muito o canto popular religioso, para
que os fiéis possam cantar tanto nos exercícios piedosos e sagrados como
nas próprias acções litúrgicas, segundo o que as rubricas determinam.
Adaptação às diferentes culturas
119. Em certas regiões, sobretudo nas Missões, há povos
com tradição musical própria, a qual tem excepcional importância na sua
vida religiosa e social. Estime-se como se deve e dê-se-lhe o lugar que
lhe compete, tanto na educação do sentido religioso desses povos como na
adaptação do culto à sua índole, segundo os art. 39 e 40. Por isso,
procure-se cuidadosamente que, na sua formação musical, os missionários
fiquem aptos, na medida do possível, a promover a música tradicional
desses povos nas escolas e nas acções sagradas.
Instrumentos músicos sagrados
120. Tenha-se em grande apreço na Igreja latina o órgão
de tubos, instrumento musical tradicional e cujo som é capaz de dar às
cerimónias do culto um esplendor extraordinário e elevar poderosamente o
espírito para Deus.
Podem utilizar-se no culto divino outros instrumentos,
segundo o parecer e com o consentimento da autoridade territorial
competente, conforme o estabelecido nos art. 22 § 2, 37 e 40, contanto
que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam adaptáveis ao uso
sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam realmente a
edificação dos fiéis.
Normas para os compositores
121. Os compositores possuídos do espírito cristão
compreendam que são chamados a cultivar a música sacra e a aumentar-lhe
o património.
Que as suas composições se apresentem com as
características da verdadeira música sacra, possam ser cantadas não só
pelos grandes coros, mas se adaptem também aos pequenos e favoreçam uma
activa participação de toda a assembleia dos fiéis.
Os textos destinados ao canto sacro devem estar de
acordo com a doutrina católica e inspirarse sobretudo na Sagrada
Escritura e nas fontes litúrgicas.
CAPÍTULO VII
A ARTE SACRA E AS ALFAIAS LITÚRGICAS
A arte sacra e seus estilos
122. Entre as mais nobres actividades do espírito humano
estão, de pleno direito, as belas artes, e muito especialmente a arte
religiosa e o seu mais alto cimo, que é a arte sacra. Elas tendem, por
natureza, a exprimir de algum modo, nas obras saídas das mãos do homem,
a infinita beleza de Deus, e estarão mais orientadas para o louvor e
glória de Deus se não tiverem outro fim senão o de conduzir piamente e o
mais eficazmente possível, através das suas obras, o espírito do homem
até Deus.
É esta a razão por que a santa mãe Igreja amou sempre as
belas artes, formou artistas e nunca deixou de procurar o contributo
delas, procurando que os objectos atinentes ao culto fossem dignos,
decorosos e belos, verdadeiros sinais e símbolos do sobrenatural. A
Igreja julgou-se sempre no direito de ser como que o seu árbitro,
escolhendo entre as obras dos artistas as que estavam de acordo com a
fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor
pudessem servir ao culto.
A Igreja preocupou-se com muita solicitude em que as
alfaias sagradas contribuissem para a dignidade e beleza do culto,
aceitando no decorrer do tempo, na matéria, na forma e na ornamentação,
as mudanças que o progresso técnico foi introduzindo.
Pareceu bem aos Padres determinar, a este propósito, o
que segue:
123. A Igreja. nunca considerou um estilo como próprio
seu, mas aceitou os estilos de todas as épocas, segundo a índole e
condição dos povos e as exigências dos vários ritos, criando deste modo
no decorrer dos séculos um tesouro artístico que deve ser conservado
cuidadosamente. Seja também cultivada livremente 'na Igreja a arte do
nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que sirva com a
devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos
sagrados. Assim poderá ela unir a sua voz ao admirável cântico de glória
que grandes homens elevaram à fé católica em séculos passados.
124. Ao promoverem uma autêntica arte sacra, prefiram os
Ordinários à mera sumptuosidade uma beleza que seja nobre. Aplique-se
isto mesmo às vestes e ornamentos sagrados.
Tenham os Bispos todo o cuidado em retirar da casa de
Deus e de outros lugares sagrados aquelas obras de arte que não se
coadunam com a fé e os costumes e com a piedade cristã, ofendem o
genuíno sentido religioso, quer pela depravação da forma, que pela
insuficiência, mediocridade ou falsidade da expressão artística.
Na construção de edifícios sagrados, tenha-se grande
preocupação de que sejam aptos para lá se realizarem as acções
litúrgicas e permitam a participação activa dos fiéis.
O culto das imagens
125. Mantenha-se o uso de expor imagens nas igrejas à
veneração ds fiéis. Sejam, no entanto, em número comedido e na ordem
devida, para não causar estranheza aos fiéis nem contemporizar com uma
devoção menos ortodoxa.
Comissão diocesana da arte
126. Para emitir um juízo sobre as obras de arte, oiçam
os Ordinários de lugar o parecer da Comissão de arte sacra e de outras
pessoas particularmente competentes, se for o caso, assim como também
das Comissões a que se referem os art. 44, 45, 46.
Os Ordinários vigiarão com todo o cuidado para que não
se percam nem se alienem as alfaias sagradas e obras preciosas, que
embelezam a casa de Deus.
Promoção da arte e formação dos artistas
127. Cuidem os Bispos de, por si ou por sacerdotes
idóneos e que conheçam e amem a arte, imbuir os artistas do espírito da
arte sacra e da sagrada Liturgia.
Recomenda-se também, para formar os artistas, a criação
de Escolas ou Academias de arte sacra, onde parecer oportuno.
Recordem-se constantemente os artistas que desejam,
levados pela sua inspiração, servir a glória de Deus na santa Igreja, de
que a sua actividade é, de algum modo, uma sagrada imitação de Deus
criador e de que as suas obras se destinam ao culto católico, à
edificação, piedade e instrução religiosa dos fiéis.
128. Revejam-se o mais depressa possível, juntamente com
os livros litúrgicos, conforme dispõe o art. 25, os cânones e
determinações eclesiásticas atinentes ao conjunto das coisas externas
que se referem ao culto, sobretudo quanto a uma construção funcional e
digna dos edifícios sagrados, erecção e forma dos altares, nobreza,
disposição e segurança dos sacrários, dignidade e funcionalidade do
baptistério, conveniente disposição das imagens, decoração e ornamentos.
Corrijam-se ou desapareçam as normas que parecem menos de acordo com a
reforma da Liturgia; mantenham-se e introduzam-se as que forem julgadas
aptas a promovê-la.
Neste particular e especialmente quanto à matéria e
forma dos objectos e das vestes sagradas, o sagrado Concílio concede às
Conferências episcopais das várias regiões a faculdade de fazer a
adaptação às necessidades e costumes dos lugares, segundo o art. 22
desta Constituição.
129. Para poderem estimar e conservar os preciosos
monumentos da Igreja e para estarem aptos a orientar como convém os
artistas na realização das suas obras, devem os clérigos, durante o
curso filosófico e teológico, estudar a história e evolução da arte
sacra, bem como os sãos princípios em que deve fundar-se.
Uso das insígnias pontifícias
130. É conveniente que o uso das insígnias pontificais
seja reservado às pessoas eclesiásticas que possuem a dignidade
episcopal ou gozam de especial jurisdição.
Apêndice
DECLARAÇÃO DO CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II
SOBRE A REFORMA DO CALENDÁRIO
Apêndice: Declaração sobre a revisão do Calendário
O sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II, tendo na
devida conta o desejo expresso por muitos para dar à festa da Páscoa um
domingo certo e adoptar um calendário fixo, depois de ter ponderado
maduramente as consequências que poderão resultar da introdução do novo
calendário, declara o seguinte:
1. O sagrado Concílio não tem nada a opor à fixação da
festa da Páscoa num domingo certo do calendário gregoriano, se obtiver o
assentimento daqueles a quem interessa, especialmente dos irmãos
separados da comunhão com a Sé Apostólica.
2. Igualmente declara não se opor às iniciativas para
introduzir um calendário perpétuo na sociedade civil.
Contudo, entre os vários sistemas em estudo para fixar
um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só
não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o
respectivo domingo. A Igreja deseja também manter intacta a sucessão
hebdomadária, sem inserção de dias fora da semana, a não ser que surjam
razões gravíssimas sobre as quais deverá pronunciar-se a Sé Apostólica.
Roma, 4 de Dezembro de 1963.
PAPA PAULO VI
Notas
1. IX Dom. d. Pentec., oração sobre as oblatas.
2. Cfr. Hebr. 13,14.
3. Cfr. Ef. 2, 21-22.
4. Cfr. Ef. 4,13.
5. Cfr. Is. 11,12.
6. Cfr. Jo. 11,52.
7. Cfr. Jo. 10,16.
8. Cfr. Is. 61,1; Lc. 4,18.
9. S. Inácio de Antioquia aos Efésios, 7, 8: F. X. Funk,
Patres Apostolici, I, Tubinga, 1901, p. 218.
10. Cfr. I Tim. 2,5.
11. Sacramentário de Verona (Leoniano): ed. C. Mohlberg,
Roma, 1956, n.° 1265, p. 162.
12. Missal Romano, Prefácio pascal.
13. Cfr. S. Agostinho, Enarr. in Ps. CXXXVIII, 2:
Corpus Christianorum XL, Tournai, 1956, p. 1991; e a oração
depois da segunda leitura de Sábado Santo antes da reforma da Semana
Santa, no Missal Romano.
14. Cfr. Mc. 16,15
15. Cfr. Act. 26,18
16. Cfr. Rom. 6,4; Ef. 2,6; Col. 3,1; 2 Tim. 2,11.
17. Cfr. Jo. 4,23.
18. Cfr. 1 Cor. 11,26.
19. Conc. Trento, Sess. XIII, 11 Out. 1551, Decr. De
ss. Eucharist., ci 5: Concilium Tridentinum, Diariorum, Actorum,
Epistolarum, Tractatuum nova collectio, ed. Soc. Goerresiana, t.
VII. Actas: Parte IV, Friburgo da Brisgóvia, 1961, p. 202.
20. Conc. Trento, Sess. XXII, 17 Set. 1562, Dout. De
ss. Missae sacrif., c. 2: Concilium Tridentinum, ed. cit., t.
VIII, Actas: Parte V, Friburgo da Brisgóvia, 1919, p. 960.
21. Cfr. S. Agostinho, In Joannis Evangelium
Tractatus VI, c. I, n.° 7: PL 35, 1428.
22. Cfr. Apoc. 21,2; Col. 3,1; Heb. 8,2.
23. Cfr. Fil. 3,20; Col. 3,4,
24. Cfr. Jo. 17,3; Lc. 24,47; Act. 2,38.
25. Cfr. Mt. 28,20.
26. Oração depois da comunhão na Vigília Pascal e no
Domingo da Ressurreição.
27. Oração da missa de terça-feira da Oitava de Páscoa.
28. Cfr. 2 Cor. 6,1.
29 Cfr. Mt. 6,6.
30. Cfr. 1 Tess. 5,17.
31. Cfr. 2 Cor. 4, 10-11.
32. Missal Romano, 2ª feira da Oitava de Pentecostes,
oração sobre as oblatas.
33. S. Cipriano, De Cath. Eccl. unitate, 7: ed.
G. Hartel, em CSEL, t. III, 1, Viena 1868, pp. 215-216. Cfr. Ep. 66, n.°
8, 3: ed. cit., t. III„ 2, Viena 1871, pp. 732-733.
34. Cfr. Conc. Trento, Sess. XXII, 17 Setembro 1562,
Doctr. de ss. missae sacrif., c. 8: Concilium Trident. ed. cit., t.
VIII, p. 961.
35. Cfr. S. Inácio de Antioquia, Ad Magn. 7;
Ad Philad. 4; Ad Smyrn. 8: ed. cit. F. X. Funk, I, pp 336,
266, 281.
36. Cfr. S. Agostinho. In Joannis Evang. tractatus
XXVI, cap. VI, n.° 13: PL 35, 1613.
37. Breviário Romano, na festa do Corpo de Deus:
Antífona do Magnificat em 2ªs Vésperas.
38. Cfr. S. Cirilo de Alexandria, Commentarium in
Joannis Evangelium, livro XI, cap. XI-XII: PG 74, 557-565.
39. Cfr. 1 Tim. 2, 1-2.
40. Sessão XXI, Doctrina de Communione sub utraque
specie et parvulorum, e. 1-3, cân. 1-3: Concilium Trident.
ed. cit., t. VIII, pp. 698-699.
41. Conc. Trento, Sessão XXIV, 11 Novembro 1563, Decr.
De reformatione, c. I: Concilium Trident. ed. cit., t. IX.
Actas: parte VI, Friburgo Br. 1924., p. 969. Cfr. Ritual Romano, tit.8,
c. II, n° 6.
42. Cfr. Ef. 5,19; Col. 3,16.
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